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Sindafep celebra Dia Internacional da Mulher em matéria especial neste 8 de março

Para celebrar a data, entrevistamos três Auditoras Fiscais sobre questões envolvendo preconceito, desafios e o papel da mulher na sociedade

Nesta segunda-feira, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data tem como objetivo reconhecer a luta das mulheres por melhores condições de trabalho, o direito ao voto e promover a reflexão sobre como a nossa sociedade, que ainda sofre com o machismo, pode mudar este cenário.

A escolha do dia 8 de março tem a ver com dois eventos: o primeiro foi em 1908 com a greve das mulheres que trabalhavam na fábrica de camisas "Triangle Shirtwaist Company", em Nova York. Em 1911, aconteceu um incêndio no mesmo local, que acabou vitimando 146 pessoas, sendo 125 mulheres e 21 homens. O segundo foram as manifestações de operárias durante a Revolução Russa. Em 8 de março de 1917 cerca de 90 mil mulheres reivindicaram melhores condições de vida e de trabalho, além de manifestarem-se contra o czar Nicolau II.

Entretanto, apenas em 1975 é que a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional da Mulher no calendário de celebrações mundiais, homenageando o histórico de luta por direitos e igualdade. No Brasil, as mulheres conseguiram o direito ao voto em 1932, no governo de Getúlio Vargas. Outro marco importante foi a sanção da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em homenagem à farmacêutica que sofria agressões constantes do marido.

Por causa da pandemia não foi possível que o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita do Estado do Paraná (Sindafep) realizasse o tradicional jantar do Dia da Mulher, programado para acontecer no dia 5 de março. Entretanto, não poderíamos deixar de homenagear as nossas filiadas, que lutam por um Paraná cada vez melhor para toda a população. Apesar das diversas conquistas, ainda há muito para avançarmos enquanto sociedade, como a equiparação salarial entre homens e mulheres, a quebra do preconceito e o fim da violência física, patrimonial, sexual, moral e psicológica.

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Sindafep entrevistou três filiadas para falarem um pouco mais sobre o que essa data significa e no que precisamos avançar. São elas: a Auditora Fiscal da 3ª DRR de Ponta Grossa, Elenice do Rocio Padilha Bonfim, a Auditora Aposentada, Gleide Ferreira Astuti, e a Auditora Fiscal da 6ª DRR de Jacarezinho, Raquel Rodrigues Pinto.

O que o Dia Internacional da Mulher significa para você?

Auditora Fiscal Elenice BonfimElenice Bonfim: O Dia da Mulher merece ser lembrado para celebrarmos as várias conquistas das mulheres através dos tempos, em meio a tantas lutas para mudar uma realidade, na busca pelo reconhecimento e igualdade em vários segmentos, conquistando seu espaço.

Gleide Astuti: É um motivo a mais para celebrar a importância da mulher na sociedade, uma oportunidade para promover comemorações, onde podemos nos reencontrar e lembrar de lutas vencidas e partilhadas com nossos colegas que lutaram ombro a ombro conosco.

Auditora Fiscal Raquel Rodrigues na Escola de Administração TributáriaRaquel Rodrigues:  Tem um grande significado. Vendo na história daquelas que nos precederam, elas não tinham direito ao voto e de serem votadas, o que só passou a acontecer em 1932. Não obstante a falta de permissão legal, o Brasil fez história com a primeira prefeita da América Latina, a Alzira Soriano, em Lajes, Rio Grande do Norte. Outro grande feito das mulheres foi o fato de conquistar a capacidade civil plena, porque elas eram consideradas relativamente incapazes, mesmo que completassem 21 anos de idade, por isso que elas não podiam exercer cargo algum, exceto serviços em casa e na família. Elas não podiam assinar nada, sempre dependiam do pai ou do marido, o que era um constrangimento. As mulheres que nos precederam foram conseguindo aos poucos mudar essa realidade, conquistando a capacidade civil plena com a edição da Lei 4121, sancionada pelo Presidente João Goulart, no ano de 1962, cuja Lei foi cognominada de Estatuto da Mulher.

Qual o principal desafio enfrentado pelas mulheres, tanto no campo da Auditoria Fiscal quanto no geral?

Elenice Bonfim: São os desafios que todos encontram, sem distinção de homem e mulher, seja na Auditoria ou em outros trabalhos desempenhados no Fisco, que é a busca de conhecimentos e aprendizagem constantes de novas formas e ferramentas que possibilitem e auxiliem na realização do trabalho, de maneira mais ágil, precisa e eficiente. Com a redução de nosso quadro de pessoal ocorrida ao longo dos anos, precisamos utilizar a tecnologia a nosso favor e otimizar o tempo e os recursos disponíveis, visando garantir um serviço de qualidade e o atingimento das metas do nosso trabalho fim, que é o incremento da arrecadação estadual.

Gleide Astuti: Primeiro a mulher demorou mais para seguir a carreira contábil, primando mais para a educacional e outras mais ligadas ao lar. Só após demonstrar interesse em participar dos serviços fiscais é que seu valor começou a despontar, dando início a ascensão na carreira de Auditora Fiscal.

Auditora Fiscal Raquel RodriguesRaquel Rodrigues: Uma das melhorias que eu acho que deveria ter, apesar dos avanços que tivemos, é no que diz respeito a políticas públicas destinadas à mulher. Eu vejo, por exemplo, que a mulher de baixa renda é muitas vezes obrigada a sair do trabalho para conseguir cuidar dos seus filhos, pois o seu salário não permite que ela pague alguém para fazer isso. Eu defendo que deveria haver uma política de incremento, uma espécie de parceria entre empreendedores e governo, para que essas mulheres consigam cuidar de seus filhos, reduzindo a carga horária de trabalho, já que muitas acabam sendo demitidas quando voltam ao trabalho.

No campo mais pessoal, o grande desafio que eu percebo é a busca incessante da administração de uma conduta que seja desempenhada com uma eficiência, dinâmica e proativa, sem deixar a afabilidade no trato pessoal. O homem, por exemplo, é mais fácil de se vestir do que a mulher. Já no campo da Receita seria proporcionar o bem comum, com justiça social, ou seja, ter a consciência de que o nosso trabalho assegura o bem comum em forma de escolas, hospitais, entre outros.

Qual sua visão a respeito da participação das mulheres na sociedade?

Elenice Bonfim: As mulheres têm procurado participar cada vez mais na sociedade, atuando em diversas áreas, sendo que hoje muitas já ocupam cargos de direção, que anteriormente eram quase que exclusivamente ocupados por homens, mas mesmo assim há setores para avançar, intensificar e aprimorar a sua atuação.

E nesse ano, que não está sendo fácil para ninguém, nesse desafio que enfrentamos face à pandemia, as mulheres estão se reinventando, sendo multitarefas e criativas no teletrabalho, na casa, com os filhos, etc, enfim, tentando ser produtiva em ambiente e situação adversos.

Gleide e seu marido, Pedro AstutiGleide Astuti: É de suma importância. Como seria a nossa sociedade sem a participação da mulher? Não consigo nem imaginar. A mulher consegue dar importância para as pequenas coisas, que muitas vezes passam despercebidas pelos homens; que faz de pequenas coisas grandes projetos; que educa no lar, na escola e, porque não, no trabalho. Está sempre disposta e apta para isso. Na Coordenação da Receita do Estado também a mulher está em evidência, tanto é que hoje ocupam grandes cargos onde conseguem se destacar. Não podemos também nos esquecer da mulher na política, onde ela tem grande importância.

Matéria do Notifisco falando sobre uma maior participação das mulheres na Receita

Raquel Rodrigues: A participação das mulheres na sociedade é um contraponto entre o coração e  a razão. Você consegue imaginar que o Senado Federal seria o mesmo se não houvesse mulheres? Por mais que existam situações visíveis a todos, muitas somente as mulheres conseguem enxergar e propor soluções para esses problemas. As mulheres devem buscar a igualdade junto aos homens, devemos ter uma parceria sadia com eles, sem um excluir o outro.

O fato de ser mulher já te fez sofrer algum tipo de preconceito, tanto profissional quanto pessoal?

Elenice é uma participante assídua das FiscalíadasElenice Bonfim: Não me recordo de nenhuma situação marcante que eu tenha recebido tratamento aparente de preconceito ou hostilidade por ser mulher. Mas infelizmente, os nossos noticiários são recheados de situações, muitas delas trágicas, com relação ao tratamento desrespeitoso à condição feminina.

Inclusive, quero salientar que no Fisco sempre fui tratada com uma postura cortês de respeito, discrição e companheirismo pelos nossos colegas homens, percebendo igual tratamento às demais colegas.

Gleide Astuti: Não, nunca sofri nenhum preconceito, nem quando criança, nem na escola, nem no trabalho, talvez porque sempre me fiz presente junto aos amigos, colegas, trabalho, etc. Mesmo aposentada, nunca me afastei deles. Vou em festas, reuniões, férias, excursões, Fiscalíada e EFA (Encontro dos Fiscais Aposentados) e é uma alegria só. Fui também a primeira mulher a ser escolhida atleta símbolo da 8ª DRR de Londrina, sem mesmo ter trabalhado lá, e já estou aposentada. Creio ser fruto de minhas participações junto a ela.

Raquel Rodrigues: Eu não encontrei nenhuma situação em que eu tivesse sofrido um preconceito que tivesse sido prejudicial a mim no campo de trabalho, e acredito que isso advém de ter uma conduta firme, talvez por isso eu não tenha sofrido preconceito. Existem aqueles preconceitos corriqueiros, como por exemplo de que “a mulher é uma má motorista”. Eu percebo isso no dia a dia, quando os homens ficam de olho achando que a mulher não vai conseguir estacionar, por exemplo. Mas esse preconceito não me atinge, pois eu não me sinto uma má condutora. 

Mensagem final

Elenice Bonfim: Agradecemos aos colegas e ao Sindafep, pelo carinho de sempre com que somos homenageadas pela passagem do “Dia Internacional da Mulher”, esse ano de uma forma diferente (sem festas), mas que sempre enaltecem o reconhecimento do trabalho feminino e do apoio familiar desempenhado pelas mulheres que fazem parte da “família do fisco paranaense”, o que nos faz sentir “mais especiais”. E assim, pedindo a Deus que dê saúde e proteja a todas nós e as nossas famílias.

Auditora Fiscal Aposentada Gleide AstutiGleide Astuti: Se façam presentes em todos os eventos da Coordenação da Receita do Estado, é muito bom ser lembrada, querer e ser querida, participar da grande família Fazendária.

Raquel Rodrigues: Eu quero deixar um recado para as nossas autoridades públicas, para que vejam com melhores olhos essa questão de políticas públicas para as mulheres, como essa de que as mulheres precisam sair do trabalho para cuidar dos filhos. Precisamos de políticas eficientes que garantam condições melhores de vida para nós mulheres. Escolhi fotos com flores por dois motivos: 1) para oferecê-las às mulheres; e 2) para registrar que toda luta tem flores, mas tem, também, espinhos, mas, ao final, é coroada de vitórias, assim como o Dia Internacional da Mulher coroa as vitórias pelas lutas já vividas pelas mulheres que nos precederam.

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