Notícias

Imagem

Por que temos que avançar na telemedicina depois da pandemia

Idosos poderão se beneficiar se atenção primária tiver o apoio da tecnologia

A coluna da última quinta-feira foi sobre o Arc, projeto de inovação em medicina do Sheba Medical Center, o maior hospital de Israel. Hoje complemento as informações do seminário Health Connections 2021 falando sobre o potencial da telemedicina voltada para o atendimento de idosos. No Brasil, não há regulamentação definitiva para essa prática, que conta com autorização temporária, em caráter experimental, por causa da pandemia. A questão é que, se a deixarmos de lado, teremos perdido uma grande oportunidade.

Vale conhecer o trabalho que vem sendo feito em Israel para perceber que poderia significar uma revolução no Brasil. O médico Gad Segal, especialista em medicina interna, fez uma palestra sobre o que chamou de hospitalização remota, referindo-se ao teleatendimento que residentes de instituições de longa permanência (ILPI) recebem sem que precisem se deslocar até um hospital. Os médicos estão em outro local, mas há um ambiente de clínica virtual e equipamentos que geram imagens e as enviam para o profissional que está na outra ponta, possibilitando análise e diagnóstico em tempo real. Pesquisas realizadas naquele país, com pacientes com idade média de 85 anos, apontaram para uma redução pela metade do tempo de internação. A reabilitação também se dá com supervisão on-line.

O doutor Segal afirmou que Israel e Brasil têm perfis semelhantes no que diz respeito à porcentagem de idosos na composição da população. A diferença é que Israel tem pouco mais de 9 milhões de habitantes, e apenas um milhão com mais de 65 anos. O Brasil tem quase 33 milhões acima dos 60 e, como lembrou o médico Carlos André Uehara, presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) e palestrante do evento, há algo em torno de 5.500 ILPIs, com cerca de 80 mil residentes.

Apesar da insegurança jurídica que ainda paira no campo da telemedicina por aqui, Uehara listou algumas das vantagens do atendimento remoto: diminuir a distância geográfica e o isolamento; facilitar a vida de pacientes com mobilidade reduzida e o acompanhamento de doenças crônicas; possibilitar o acesso a diferentes especialistas; e ajudar no treinamento de equipes. Não menos importante: contornar a escassez de profissionais. “O Brasil tem 2.143 geriatras registrados, o que representa um para cada 15.353 brasileiros”, ressaltou.

Some-se a isso o fato de 75% das pessoas se valerem do SUS (Sistema Único de Saúde), o que, em vez de ser um impedimento, deveria se tornar um poderoso estímulo para caminharmos nessa direção. Centros comunitários de saúde poderiam ser devidamente equipados para que idosos tivessem cuidados de saúde hoje inacessíveis. A atenção primária iria para um novo patamar e romperia limites geográficos – uma pessoa no Nordeste poderia ser avaliada por um médico do Sul, por exemplo, se houvesse um consórcio de centros de atendimento. Os problemas? O senso de “territorialidade” de conselhos profissionais, a falta de regulamentação definitiva e, principalmente, nossa limitadíssima inclusão digital: precisamos de internet de qualidade para todos e uma maciça mobilização para a alfabetização digital, a fim de combater a desigualdade que nos assombra. Do contrário, a telemedicina será uma opção restrita aos privilegiados.

Fonte: G1

Categorias:

Comente esta notícia

código captcha

O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita do Estado do Paraná (SINDAFEP) utiliza alguns cookies de terceiros e está em conformidade com a LGPD (Lei nº 13.709/2018).

CLIQUE AQUI e saiba mais sobre o tratamento de dados feito pelo SINDAFEP. Nessa página, você tem acesso às atualizações sobre proteção de dados no âmbito do SINDAFEP bem como às íntegras de nossa Política de Privacidade e de nossa Política de Cookies.